Sanfoneiros fictícios: Baianinho da Sanfona

No dia 27 de abril, compartilhamos o álbum "Sucessos de Luiz Gonzaga com Raimundo Mauricio e sua sanfona de 8 baixos". Segundo Zé Calixto, Raimundo Maurício era apenas um nome fictício criado pela gravadora, e não uma pessoa real. Da mesma forma, Zé Ranulfo de Serra Talhada, outro nome fictício, escondia a verdadeira identidade do intérprete, Zé Henrique.
As gravadoras usavam nomes fictícios porque, com esse tipo de contrato, o sanfoneiro recebia apenas o cachê e a gravadora não precisava pagar direitos de vendas de discos. No entanto, nem sempre esse era o motivo. Às vezes, o mesmo sanfoneiro gravava para diferentes gravadoras. No entanto, se tivesse um contrato de exclusividade com uma delas, não poderia aparecer em discos de outras empresas. Isso aconteceu com Gerson Filho, que acompanhou sua esposa, a cantora Clemilda, no disco "Forró sem briga", lançado pela Discobrás em 1965. Na época, Gerson Filho tinha contrato de exclusividade com a gravadora RCA-Victor, o que o impediria de ter seu nome no disco da esposa. A solução foi criar um nome fictício: Betinho, um sanfoneiro que provavelmente não existia...
O problema é que muitos desses nomes ganharam vida própria, tornando-se "lendas" vivas da sanfona. É o caso do "Baianinho da Sanfona". Quando comecei a me interessar pela sanfona de 8 baixos da região Nordeste, perguntei a vários sanfoneiros se eles conheciam o Baianinho da Sanfona. Ninguém sabia dizer se ele realmente existiu.
Hoje, com a colaboração do colecionador Everaldo Santana, estamos publicando o disco "Forró sem briga vol.2" de 1978, lançado pela gravadora Copacabana e atribuído a Baianinho da Sanfona. Segundo Everaldo, "o sanfoneiro é Gerson Filho, pois é quase impossível alguém imitá-lo tão bem". De fato, é evidente o estilo do sanfoneiro alagoano neste belo álbum, que abrange quase todos os gêneros do forró, como forró, quadrilha, baião, xaxado, xote e mazurca. Até mesmo o samba matuto está presente. São temas inspirados, embora pouco conhecidos, e a sanfona é acompanhada por um excelente conjunto, destacando-se o violão de sete cordas, que além de fornecer uma base sólida, divide os solos com a sanfona em algumas faixas. Aparentemente, Baianinho da Sanfona utiliza a afinação natural em dó e fá, que era usada por Gerson Filho naquela época, o que indica a possibilidade de que Baianinho da Sanfona seja o nome artístico do sanfoneiro alagoano. No entanto, a dúvida persiste... o que vocês acham?

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